Castro Muapenta
“Piromania”, “Circo Leopoldo”, ”Chumbo à vista”, “Batota”, “pouco ou nada já se pode fazer para salvar o processo”, “Frelimistas fornecem material eleitoral”, “Fantasma da fraude”, estes são os títulos incendiários que um semanário da praça, que já foi referência no jornalismo moçambicano, foi escolhendo para reportar o processo eleitoral moçambicano. São títulos que demonstram uma grande consistência e uma constância para o alcance de um objectivo perceptível a olho nu: Fazer com que os resultados das eleições não sejam credíveis.
O que é que se pretende com esta estratégia? Muito provavelmente, os mentores destas “mentícias” pretendem diminuir a legitimidade do vencedor das próximas eleições que toda a gente já conhece. O próprio semanário publicou há alguns meses uma sondagem (da Afroborometer) que dava impressionantes níveis de aceitação popular de um dos candidatos. Parece que alguns sectores internos e externos entenderam que uma vitória tão avassaladora seria difícil de gerir. Daí o recurso a estratagemas desenhados para criar desconforto no vencedor e transmitir a ideia de que a vitória poder-se-ia dever ao facto de ter havido batota ou do facto de já nada se poder fazer para salvar o processo.
O semanário em questão tentou, no princípio da campanha eleitoral, seguir a estratégia que conduziu ao caos político no Zimbabwe. A ideia era replicar essa experiência no nosso país. Foi visível o esforço que os editores desse semanário fizeram para construir a imagem de que a Campanha Eleitoral estava a ser condicionada por uma violência institucional, pelo uso abusivo dos bens do Estado e pelo amordaçamento da oposição, com apoio dos órgãos eleitorais.
As duas primeiras construções caíram por si sós. Na verdade, o processo eleitoral em curso foi o mais pacífico da curta história multipartidária da nação. Foi verdadeiramente impressionante a sintonia dos líderes políticos mais destacados nos apelos aos seus apoiantes para a contenção. Qualquer observador atento pôde verificar que as brigadas de mobilização dos diferentes Partidos circulavam em perfeita liberdade e segurança. Foi pois visível o constrangimento com que o semanário incendiário teve que abandonar o entusiasmo e a satisfação inicial na reportagem dos casos de violência eleitoral.
Sobre o uso de bens do Estado deu-se um fenómeno similar. Se em eleições anteriores, fruto da própria história do país, era possível encontrar uma ou outra viatura a transportar brigadas de choque de um determinado Partido para irem fazer campanha, nestas eleições esse facto não aconteceu em absoluto. A simples realidade de esse mesmo semanário, nos casos em que tentava provar que havia uso de carros do Estado para a campanha, ter tido dificuldade de arrolar mais de cinco ou seis casos em toda uma semana, é prova irrefutável de que não se pode falar, com propriedade, do uso de viaturas do Estado. Mesmo as poucas matrículas que foram apresentadas, não são indicação definitiva de que elas existem, de que as viaturas estavam realmente em campanha, ou de que as mesmas não estejam em processo de leasing para as pessoas que as estivessem a usar.
Fica pois claro do que aqui se diz que fracassou a tentativa de manchar o processo eleitoral com base na manipulação da violência. Fracassou a tentativa de manchar o processo eleitoral com base na alegação do uso abusivo de bens do Estado para fins de política partidária. Não teria credibilidade qualquer tentativa de minimizar os resultados eleitorais com base nestas mentiras.
Foi, assim, com grande desespero de causa que o semanário de que temos vindo a falar se agarrou à sua estratégia de descredibilização dos órgãos eleitorais. Para tal recorreu à tergiversação dos factos, à manipulação e à mentira mais despudorada. Por exemplo, com os títulos “Piromania” e “Batota” pretendiam transmitir a ideia de que a CNE, de maneira irresponsável, estava a prejudicar Partido(s) Político(s) e Candidato(s) ao processo eleitoral. Nessa tese alinhava com a posição de alguns dos nossos amigos estrangeiros segundo a qual a aceitação das candidaturas deveria respeitar um princípio subjectivo de inclusão. Quando ficou provado que a decisão da CNE se fundava na legislação eleitoral aprovada pelo Parlamento moçambicano o desespero cresceu. Partiu então para a tergiversação e para a mentira. Transmite nos seus editoriais a ideia de que na avaliação de concursos públicos os agentes do Estado deveriam passar a perguntar a filiação partidária dos accionistas das empresas concorrentes. Este passaria a ser um dos critérios de avaliação!!!
Daqui para a mentira a distância é curta. O exemplo é a última parangona desse semanário que reza “Fantasma de fraude”, título incendiário na base do qual se tenta construir uma mentira, segundo a qual a empresa que forneceu “software” à CNE não existe. Felizmente que no nosso país ainda há jornalistas sérios e íntegros.
Muitas das invencionices e mentiras desse semanário acabaram sendo expostas publicamente. O nosso voto é que ninguém, incluindo os observadores que convidamos que virem assistir à nossa festa, se agarre nestes factos capciosos e viciosos para julgar um processo que está a decorrer com toda a normalidade.
Esperamos, sobretudo, que o semanário de que temos vindo a falar volte a ser um jornal isento