quarta-feira, 24 de junho de 2009

Discutindo Convicções

É interessante a forma como discutimos as coisas em Moçambique. Toda a gente adora atropelar o Governo e a Frelimo de todas as formas possíveis e imaginárias. Muitos não se coibem de, através de seus blogs, lançar impropérios para as figuras do nosso Estado e, até, qual azagaísmo, faltar o respeito devido às pessoas de quem têm posições divergentes.

Tudo isto vem a propósito do meu post anterior que motivou debates intermináveis noutras paragens como sejam os blogs do Reflectindo e do Jonathan McCarthy.

É facílimo encontrar estes dois personagens na linha da frente contra tudo o que é e/ou parece erro governativo ou político da Frelimo. É frequente encontrar estes senhores pregando o "caos moçambicano" e a podridão da sua classe dirigente. É usual encontrá-los de dentes cerrados contra qualquer um que ouse contrapor uma posição diversa a que, invariavelmente, usam para atacar ou o o Governo ou a Frelimo.

É comum ouvir-lhes que se defende cegamente o poder do dia quando se pede que aprofundem ou vejam o que "parece" errado de outra forma; noutro ângulo.

Provoquei-lhes com a possibilidade de o MDM e o Daviz Simango, a julgar pelas mensagens que nos enviou pelo Hi5 (possível até por telemóvel, instantes antes, no momento ou logo depois do sucedido) e outras plataformas electrónicas em claro sinal aproveitamento político da situação condenada pr todos incluindo pelo Chefe do Estado Moçambicano, terem ensaiado aqueles desacatos para se promoverem e cavarem mais fundo a cova da Renamo.

Foi a histeria total. Foram vistos indivíduos identificados com a Renamo e nada mais importa: não importa a averiguação do grau de comparticipação desses indivíduos nem a certificação de que, apesar de terem sido vistos, estiveram ou não envolvidos em tudo quanto aconteceu (temos que assumir que todos arancaram a arma ao polícia, todos dispararam para o ar, todos distruiram a aparelhagem, todos atiraram pedras, todos levaram a arma à Dhlakama) nem a muito defendida necessidade de legalidade na privação de liberdade das pessoas.

O Estado, para estes senhores, deve sair a rua e prender. Aliás, foi isso que os agentes do Estado fizeram em Mongicual com os resultados conhecidos e condenados. Mas desta vez, foi o MDM, foi Daviz; prendam-nos.

Defendem que se prendam os indivíduos porque Dhlakama e outros lacaios tiveram pronunciamentos que "indiciam" que a Renamo esteja envolvida no atentado a democracia ocorrido em Nacala. Para estes senhores, neste caso, sublino neste caso é suficiente. Para o Estado não é. Foi critério muitas vezes usado e muitas vezes criticado que, agora que se está ou deve estar a cumprir a legalidade, fazemos barrulho para que se faça o contrário.

Nesse exercício esquecemos o essencial. O atentado a democracia que é o uso da violência ou o aproveitamento dela para nos auto promovermos.

Com esses expedientes não questionamos, por exemplo, como é que o Conselho Municipal de Nacala autorizou o Comício e a PRM só destacou 1 elemento numa situação em que, dada a presença de Dhlakama e a conflitualidade entre as duas organizações, poderia gerar tumultos como, aliás, veio a acontecer.

Com esses expedientes, não abordamos positivamente, como todos e cada um podemos fazer progredir o projecto de democracia que queremos, de facto, implantada em Moçambique.

Com esses expedientes Reflecti-McCarthianos apenas fizemos, mais uma vez, o exercício de separação os pro partido x e os contra esse x partido sem de facto pensarmos o país.

Provocação feita com termos que, quanto a mim, tem tudo de sentido, é hora de pensar o país uma vez que, como diz o falecido Lucky Dube, "There's no future in the past" (não há futuro no passado), é tempo de correr.

Um abraço

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